Enquanto as autoridades se desentendem, a farra das vans continua a todo vapor. Um dia depois de suspender a fiscalização em linhas intermunicipais, o governo do estado voltou atrás e decidiu retomar as operações. O assessor especial da Secretaria de Governo Ricardo Bittar, que na segunda-feira assinara documento comprometendo-se a suspender as blitzes, ontem acompanhou de perto o trabalho dos fiscais, na sua primeira ação como presidente interino do Detro. Mas nem ele sabia informar quais pontos do documento firmado com as federação das cooperativas (Fecotral) serão atendidos. Segundo Bittar, o estado só honrará os itens do acordo — entre eles a suspensão das blitzes — que tiverem respaldo legal.

O secretário de Governo e Coordenação Política, Anthony Garotinho, criticou a administração do departamento estadual, em entrevista, ontem de manhã, à rádio Band News. Ele afirmou que o Detro era promíscuo com empresas de ônibus:

— Se compararmos a quantidade de vans legalizadas que foram multadas e a de ônibus que foram autuados, há claramente uma injustiça contra os motoristas das vans. O Detro tinha uma relação de promiscuidade com as empresas de ônibus.

O antigo e o atual presidentes do Detro também passaram parte do dia trocando acusações no ar. Em entrevista à Rádio CBN, Ricardo Bittar tentou desqualificar seu antecessor, Rogério Onofre:

— Ele foi demitido por não responder a alguns questionamentos sobre os editais.

Onofre, por sua vez, rebateu as críticas acusando seu sucessor de ser despreparado, deseducado e um defensor das vans piratas:

— O discurso dele parece preparado pelos advogados das vans. São os mesmos argumentos as liminares que tentaram adiar o edital e foram derrubas pela Justiça. Ele é o sub-Bittar e nunca chegou a um patamar maior. Liguei para combinarmos uma transição de cargo, porque ele já demonstrou que não entende de transporte, e a resposta que recebi foi um ataque pelo rádio.

Entre as medidas anunciadas por Bittar está o lançamento do edital de um concurso para fiscais em 40 dias; a criação de um conselho aberto à participação da sociedade; e a contratação de um novo estudo de demanda de passageiros de vans.

MP inicia investigação

O Ministério Público estadual vai instaurar procedimento para esclarecer por que o Detro paralisou as fiscalizações de vans intermunicipais. Para o promotor Cláudio Henrique Viana, isso pode caracterizar improbidade administrativa:

— O agente público não tem a opção de escolher entre cumprir ou descumprir a lei. O MP está pedindo explicações aos responsáveis por este ato para tomar as medidas legais.

Enquanto a fiscalização esteve suspensa, motoristas de vans e Kombis piratas aproveitaram para rodar impunemente. Quando os fiscais do Detro retornaram às ruas ontem, houve até uma manifestação. Cerca de 30 motoristas de Kombis ilegais protestaram na Avenida Presidente Kennedy (na divisa entre Rio e Caxias), em frente ao posto do Detro.

— Eles foram pegos de surpresa e reclamaram porque nós voltamos a fiscalizar — contou um fiscal, que pediu para não se identificado.

Segundo o presidente do Sindicato dos Trabalhadores Autônomos em Transportes Alternativos do Estado (Sintral), Guilherme Biserra, o número de vans piratas em circulação chega a 27.500 no estado, quase quatro vezes mais que o de vans legais: 7.750. Do total de vans irregulares, 24 mil cobrem linhas municipais e 3.500, intermunicipais. Segundo o Detro, há cerca de cinco mil vans intermunicipais piratas no Grande Rio.

DEIXE UMA RESPOSTA

Você digitou um endereço de e-mail incorreto!
Por favor, digite seu nome aqui