Especialistas ficaram alarmados com as condições do trecho da Fernão Dias (que liga São Paulo a Minas) que passou ontem pela operação tapa-buraco, entre os quilômetros 84 e 86, na capital paulista. Ao lado de remendos recém-concluídos havia fissuras, rachaduras e até outros buracos, menores.

“É obra emergencial mesmo. Essa estrada está esgotada, em breve vai precisar ser reconstruída”, disse a doutoranda do Laboratório de Tecnologia de Pavimentação do Departamento de Transportes da USP, Patrícia Nunes Ferreira. “O remendo vai apenas amenizar o problema. Pelo tráfego e nível de trincas, terá de ser restaurada”, emendou a colega de laboratório de Patrícia, a pesquisadora Rosângela Motta.

“Existe remendo sobre remendo”, observaram. “A estrada tem todos os problemas. Os mais recorrentes são as trincas, que se interligam. Tecnicamente isso é chamado couro de jacaré. Com a chuva, há infiltração e o asfalto se desprende, formando buracos”, afirmaram. Segundo elas, a vida útil de uma estrada é de cerca de dez anos. O tráfego acima do previsto e a falta de manutenção diminuem drasticamente esse prazo. “O governo só toma essas medidas emergenciais. Ou espera tanto tempo que é obrigado a reconstruir a estrada”, constatou Patrícia.

Para cumprir a operação emergencial na Fernão Dias, a empresa responsável pela manutenção do trecho paulista, Delta Construções S.A., dobrou seu efetivo de campo. Ontem dez operários foram contratados, totalizando quatro equipes com cinco pessoas cada para os 180 km do trecho. “Vamos tapar todos os buracos e, em três meses, deixar tudo zerado”, disse o supervisor do Departamento Nacional de Infra-Estrutura em Transportes (DNIT), Luiz Tomaz Leite. “Depois deve ser privatizado, aí eles vêem com dinheiro e refazem a estrada inteira”, reconsiderou.

Sobre as contratações, Leite explicou que os operários já trabalhavam lá antes, mas tinham sido dispensados. Nem o supervisor, nem os trabalhadores quiseram dar detalhes sobre os salários e a duração dos empregos. “Não sei informar a duração ou o valor, isso é com a diretoria. Eles chamaram, eu precisava, vim”, disse um deles, que preferiu não se identificar.

Outro operário, há pouco mais de um ano na empresa, disse que a operação de ontem era rotineira e a única mudança em relação aos outros dias foi o aumento do efetivo. A rotina, disse, é cada equipe usar as 12 toneladas que cada caminhão carrega de massa asfáltica por dia – ontem, a equipe cobriu cerca de 25 buracos. “Só não dá para fazer nada quando chove.”

DEIXE UMA RESPOSTA

Você digitou um endereço de e-mail incorreto!
Por favor, digite seu nome aqui