Uma perna amputada, muitas cicatrizes e dúvidas sobre o futuro. Esse é o resultado do acidente sofrido há cinco meses pelo motoboy Reginaldo Luís Pacheco, de 31 anos. Arrastado por mais de 100 metros e literalmente atropelado por um carro que “furou” a preferencial de um corredor de ônibus, o rapaz ainda hoje amarga as dores físicas e morais que o colocaram no rol das maiores vítimas do trânsito de Campinas no ano passado, os motociclistas. Contrariando as estatísticas decrescentes de fatalidades, as mortes entre a categoria subiram 47,6% com relação a 2004, passando de 21 para 31 casos.

O balanço da acidentalidade em 2005, divulgado na semana passada pela Empresa Municipal de Desenvolvimento de Campinas S.A. (Emdec), computa queda de 2,2% no total geral de vítimas fatais, que passaram de 90 para 88. Ou seja, com exceção dos motoqueiros, os demais componentes da equação do trânsito morreram menos; entre os ocupantes de carros, a redução foi de 19,4%, de 31 para 25, e, entre pedestres, de 15,8%, passando de 38 para 32.

Os motociclistas – especialmente os profissionais -, na avaliação da Emdec, também alavancaram outra estatística desfavorável, a dos acidentes com vítimas, que mantiveram a tendência de aumento registrada de 2003 para 2004, quando houve 26% mais casos. No ano passado, esse tipo de ocorrência subiu ainda mais, 35,44%. Foram 3.340, contra 2.467 no ano anterior. Entre os registros, está incluída a tragédia do motoboy Reginaldo, acontecido em 4 de setembro na Avenida Camucim, na região do Ouro Verde.

Tragédia ainda pior e dupla, porque atingiu uma amiga que viajava na garupa do rapaz, que perdeu a rótula do joelho e está sem os movimentos de um dos braços. “O carro passou por cima de nós; quebrei uma mão em três lugares, a tíbia, o fêmur, fiquei 17 dias na UTI (Unidade de Terapia Intensiva) e passei por 11 cirurgias, mas os médicos não conseguiram salvar minha perna e a amputaram. Hoje, não ando mais e carrego essa gaiola (suporte com pinos de metal presos aos ossos) na coxa”, conta o motoboy, que, desde novembro, sem sucesso, requer a aposentadoria por invalidez no Instituto Nacional do Seguro Social (INSS).

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