Presidentes de dois sindicatos do transporte alternativo disseram nesta quinta-feira, em entrevistas à rádio CBN, que o protesto de motoristas de vans na segunda-feira foi feito com o objetivo de derrubar o presidente do Departamento de Transportes Rodoviários (Detro), Rogério Onofre, que foi exonerado pela governadora Rosinha Garotinho na terça-feira.
O presidente do Sindicato dos Trabalhadores Autônomos em Transportes Alternativos do Estado (Sintral), Guilherme Biserra, e o presidente do Sindicato dos Proprietários de Vans e Kombis do Estado, Marcelo Cerqueira, disseram que os motoristas foram coagidos a comparecer pelos donos de cooperativas. Biserra disse que a manifestação foi combinada previamente com o governo estadual:
– Essa manifestação partiu de dentro do Palácio Guanabara. Não foi gestada de fora. Por isso a PM não tomou nenhuma atitude. Por isso o Ricardo Bittar (nomeado presidente do Detro após a exoneração de Onofre) estava num palanque com o presidente da Fecotral (federação das cooperativas da van).
O presidente do Sintral disse que o cerne da questão é que o edital de licitação de linhas do transporte alternativo, suspenso pelo governo estadual por 30 dias após acordo com as cooperativas, é dirigido para trabalhadores autônomos. Segundo Biserra, as cooperativas não querem que os motoristas tenham independência.
– O que temos hoje no estado é um cooperativismo de fachada, as cooperativas são apenas biombos para esconder uma prática cotidiana de extorsão. Infelizmente, essa prática foi legalizada quando o então governador Anthony Garotinho editou o decreto 25955, que obrigou todos os trabalhadores a serem ligados a uma cooperativa para poder ter licença.
Marcelo Cerqueira de Almeida também criticou o protesto:
– Nenhum ato público pode ser feito daquele jeito. Pedimos desculpas à população. O tenente-coronel (Aristeu Leonardo, Relações Públicas da PM) diz que não houve ato marginal. Isso é um equívoco muito grande. O que houve foi um ato político, com participação de gente do governo que tinha interesse naquela cadeira (a presidência do Detro). Aquela cadeira é muito cobiçada.
O presidente do Detro, Ricardo Bittar, negou a existência de qualquer envolvimento do governo estadual com o protesto.
– Essa acusação é mentirosa. Não tenho outra forma de avaliar isso – disse à reportagem da CBN.