Pouco mais de um mês após o início da operação tapa-buracos do governo federal, que prevê investimentos de R$ 440 milhões, algumas das principais rodovias do país continuam com péssimas condições de trafegabilidade. Muitas das obras foram mal executadas, algumas empreiteiras utilizaram materiais impróprios e outras não estão cumprindo o cronograma. Até obras sem contrato já foram identificadas – o que é ilegal, apesar de a operação ser classificada como emergencial e dispensar licitação. Na última semana, o ministro do Tribunal de Contas da União (TCU), Augusto Nardes, percorreu 1.045 quilômetros de rodovias no Mato Grosso e constatou falta de contratos assinados e má execução de obras. “Não é possível que as estradas continuem como estão”, disse, impressionado com o volume de tráfego de carretas escoando o início da safra em rodovias tão precárias.

No Estado, a operação deve recuperar 1.289 quilômetros de cinco rodovias federais, a um custo de R$ 22,4 milhões. Na Fernão Dias, BR-381, que liga a capital paulista a Minas Gerais, uma equipe da Delta Construções S.A. refazia na quinta-feira os remendos no Km 84, sentido São Paulo. O trecho, que fica em São Paulo, passou por reparos em 9 de janeiro, primeiro dia da operação. “Aqui o tráfego pesado é grande, não aguenta”, disse um dos operários. Pouco adiante, outra equipe ocupava duas das três pistas do Km 87 para cobrir um enorme buraco em estado crítico desde terça-feira. “Não sabemos se foi infiltração ou uma galeria rompida”, esquivou-se um técnico da empreiteira. Ele confirmou que há cerca de um mês haviam sido feito reparos nos dois trechos.

Ao longo dos 120 quilômetros percorridos na Fernão, novos buracos, remendos desfeitos e sinalização deteriorada. No percurso, não foram encontradas mais equipes da Delta nem técnicos do Departamento Nacional de Infra-Estrutura de Transportes (Dnit) acompanhando as operações – irregularidade apontada nas auditorias preliminares do TCU. O contrato da Fernão prevê a recuperação, em 90 dias, de 90,4 quilômetros de cada sentido das pistas, por R$ 360 mil. O Dnit informou que o engenheiro responsável pela fiscalização circulava pela rodovia na quintafeira e outras duas equipes trabalhavam no Km zero da Fernão, sentido Minas.

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