Ela é uma avenida problemática mesmo . Na ênfase das palavras do engenheiro de transportes Vanildo Medeiros, a caracterização de uma via expressa que nasceu como rodovia e hoje ocupa uma área bastante urbanizada, em uma extensão de 6,5 quilômetros. Têm sido várias as discussões sobre os problemas sinalizados pela avenida Washington Soares ao longo de mais de 20 anos de existência.

Em um trecho de seis quilômetros, entre a entrada do Cambeba e o viaduto que inicia a avenida Engenheiro Santana Júnior, a avenida problemática foi avaliada por uma equipe de pesquisadores do Departamento de Engenharia de Transportes (DET) e da Associação Técnico-Científica Engenheiro Paulo de Frontin (Astef) – ambos vinculados ao Centro de Tecnologia da Universidade Federal do Ceará (UFC).

Além de pelo menos 35 acidentes com mortes entre 2001 e 2005, o prejuízo material não é pequeno. Os custos com acidentes de trânsito no trecho estudado alcança a ordem de R$ 5.385.000,00 – o equivalente a cerca de 245 carros populares. A informação foi repassada por Vanildo Medeiros, que também coordena o Estudo de Readequação do Trecho Urbano da Avenida Washington Soares.

Em entrevista ao O POVO, Vanildo antecipou que, em breve, a avenida deverá ser classificada como via arterial urbana. Os pesquisadores do DET têm trabalhado em parceria com o Departamento de Edificações, Rodovias e Transportes (Dert), responsável pela avenida.

O trecho estudado – que vai do viaduto da avenida Washington Soares até a entrada do Cambeba – também compreende os 17 Pólos Geradores de Tráfego (PGTs) mais significativos, como Normatel, Universidade de Fortaleza (Unifor), Colégio Ari de Sá e Fórum Clóvis Beviláqua. É considerado PGT todo equipamento que atrai um número considerável de viagens – em veículos – para determinado local. Acabamos por detectar os problemas que todos já conhecem , afirma Vanildo Medeiros.

Para calcular os custos com os acidentes, os pesquisadores da UFC utilizaram a mesma metodologia do estudo realizado em parceria entre o Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (Ipea) e a Associação Nacional de Transportes Públicos (ANTP), em 2003 (ver quadro).

São diversos os fatores avaliados. Entre os custos considerados na pesquisa estão: atendimento médico-hospitalar e reabilitação; atendimento policial e de agentes de trânsito; congestionamento; danos ao equipamento urbano; danos à propriedade de terceiros; danos à sinalização de trânsito; danos aos veículos; impacto familiar, entre outros.

O estudo de readequação da avenida Washington Soares também está sendo feito em parceria com o Departamento Nacional de Trânsito (Detran-CE). Ainda sem data definida, está programado para este mês a realização de um segundo seminário sobre os problemas da avenida.

O primeiro ocorreu em julho do ano passado, quando foram discutidas questões ligadas a temas como segurança, passagem de pedestres e ciclistas, sinalizações, uso e ocupação do solo, além de fluxo de veículos. Segundo o gerente de trânsito do Dert, Osci Pinheiro, desta vez serão apresentadas propostas pelos pesquisadores para discussão no seminário.

Espero que em 2006 esses acidentes se reduzam a níveis civilizados em função da implantação da nossa proposta , afirma o professor Vanildo Medeiros. Caso seja de fato implantada, a avenida perderá cada vez mais as características de via expressa, ganhando vários cruzamentos semaforizados e tendo seu tráfego desviado para vias transversais.

CENÁRIO

Problemas
– elevado fluxo de veículos na avenida;
– dificuldade na travessia de pedestres, ciclistas e portadores de deficiência física;
– projeto geométrico da via inadequado (estacionamento errado, retornos mal projetados, mudanças da largura da seção da via em vários locais);
– inexistência de integração político-institucional, causando problemas na operação e gestão da via;
– falta de controle do uso do solo lindeiro (imóveis que ficam nos limites da via);
– retornos distantes e mal construídos;
– comportamento inadequado dos usuários (motoristas, ciclistas e pedestres);
– sistemas viários da área de entorno mal planejados;
– ausência de acessibilidade e mobilidade para pessoas com restrições de mobilidade.

Sugestões
– melhoria do sistema viário com implantação de vias paralelas e de acesso e sua adequação à malha urbana;
– implantação de semáforos (veículos e pedestres);
– construção de passarelas com integração aos pontos de paradas de ônibus;
– integração Estado/Prefeitura para o gerenciamento do tráfego e maior controle de uso do solo;
– implantação de acessibilidade para pedestres, ciclistas e pessoas com restrições de mobilidade;
– educação de trânsito;
– fiscalização e policiamento;
– aumento da capacidade das vias com prioridade ao transporte coletivo.

(*) Apresentados no seminário sobre a readequação da avenida Washington Soares, realizado no dia 28 de julho do ano passado. A lista é resultado de entrevistas com 1.100 usuários da avenida. Os tópicos estão relacionados dos mais citados para os menos citados.

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